Na cidade do Rio de Janeiro, as pessoas costumam usar uma coisa muito esquisita. Parece uma caixa metalizada, que as pessoas entram, ficam paradas durante muito tempo e vão pra lá e pra cá.
Para andar nessa caixa, chamada "Metrô" as pessoas usam uma coisa que elas conseguem trabalhando, um papel chamado dinheiro (muitas vezes esse dinheiro entra por um quadrado que a pessoa usa todo dia, chamado cartão, dizem que é dinheiro magnético). O engraçado é que para ganhar esses papéis ou cartões, elas tem que andar de metrô. É uma burrice! Se as pessoas não precisassem pagar o metro, não precisariam trabalhar e nem andar nele. Elas devem gostar desse ciclo vicioso, por isso o repetem todos os dias.
Entrar nessa caixa é uma selvageria, um empurra-empurra. Logo se nota que não é uma sociedade civilizada! Notei que há uma diferença. São duas linhas, mas falarei da linha dois pois foi a que eu observei. Essa vai de um lugar chamado Pavuna até Botafogo.
O engraçado nisso tudo é que na Pavuna, apesar de ser a última estação de quem vem da Zona Sul (Botafogo) e a primeira da Zona Norte, o desembarque não é obrigatório, ou seja, as pessoas não precisam sair do metrô. Então tem muita gente que pega ele na metade do caminho, só pra ir sentado. E esse metrô já chega cheio e sem lugar na primeira estação. As pessoas preferem perder horas de sono, pra acordar cedo, levar o dobro de tempo pra chegar em algum lugar, levado por essa caixa. Só para ir sentado e encher o metrô mais rápido! Povo estranho! As horas de sono são sagradas! E o tempo também. Esse povo gosta de desperdício, só pode!
E é estranho que em Botafogo, o desembarque é obrigatório. Não dá pra entender essa lógica. Por que não é igual já que dependendo do referencial ambas são primeiras e últimas estações? Esse povo também é desigual! Deve ser por ser Zona Sul e as pessoas gostam de mais conforto.
Em Botafogo, o metrô chega vazio, cheio de bancos. Ai vem a selvageria. Ele para, as pessoas vão chegando mais para frente, colando na porta. Naquela expectativa de pegar lugar. São segundos de tensão. Todo mundo é seu inimigo. E ela tem que derrota-los para pegar lugar. Então vale tudo nessa hora! Empurrões, segurar a porta, pisar no pé, até bater! E pronto, a porta se abre! Pânico total, todos se empurrando, e com a pressão fica uma dificuldade para entrar nessa lata. Já que todos querem entrar ao mesmo tempo. Rapidamente vai se afunilando e as pessoas vão entrando, correndo e se empurrando! Nessa hora, os vitoriosos conseguem lugar e ficam sorrindo! Todos se amam e comemoram por ter conseguido essa vitória. Alguns continuam no metrô em pé, com raiva dos vitoriosos, e um tanto quanto frustrados. Outros saem com raiva e vão tentar enfrentar a próxima batalha, desperdiçando assim, seu tempo.
Uma coisa que notei, é que dependendo do horário, parece um ponto de encontro. Todos querem pegar na mesma hora. Acho que para ser esmagados, amassados. Eles devem sentir prazer com o calor humano e o contato físico. Devem ser carentes, e assim, eles se sentem acolhidos e abraçados. E mesmo que isso causa dor e desconforto, de alguma forma deve ser agradável. Pois eles fazem questão de no mesmo horário, no dia seguinte passar por isso. Também parece que é um lugar para flertar. Porque uns ficam se olhando, encarando e virando o rosto constrangido. Se olham pelo reflexo da janela, ajeitam o cabelo, arrumam a roupa. Deve ser para ficar atraente para os outros, e assim conseguir alguém(ou alguéns) para esmagá-los.